sexta-feira, 7 de maio de 2010

Padrão 30 rosa fúcsia

Quando eu era mais nova e pensava em mulheres de trinta anos, eu tinha uma visão bem clichê: cabelos na altura do ombro, impecavelmente escovados; terninho grafite - corte reto; camisa de seda rosa fúcsia por baixo. Salto dez. Uma mulher madura, linda, poderosa e com uma conta bancária invejável. Sabe o tipo, vida feita? Aquela que ela já cuidou da vida profissional, estudou, se dedicou e quando chegou aos trinta pode pensar na vida pessoal, quem sabe casar e procriar?! Sim, eu era romântica quando tinha 15 anos.


A realidade que vejo por aí não é tão doce assim. Tem a amiga que é mãe, esposa, dona de casa, trabalha fora e faz mestrado. Brinco que ela é minha heroína. Já acho difícil pagar a prestação do carro e cuidar da minha gata. Aff!

Tem a outra que acabou de ter bebê, acorda de madrugada para deixar a filha no berçário. Sabe quanto custa o berçário? Oitocentos mil réis. Pasmem mulheres solteiras. Um bebê que só mama e suja as fraldas já custa essa quantia toda. Tem a que chora quase todo dia quando sai do trabalho e sonha com a possibilidade de fugir em um balão. Tem a que está construindo uma casa pré-fabricada no fundo da casa da mãe já que não conseguiu comprar o apartamento que sonhava. Tem outra que trabalha em dois lugares diferentes, o primeiro turno é das 07h às 13h e o outro é das 13h30 às 20h. Ah e tem a que fuma tanta maconha que já tá lesada (permanentemente).

A piorzona de todas é uma amiga bem próxima que tem dois empregos fixos e mais dois como free lancer. Trabalha umas 12 horas por dia. Dorme cinco. Ganha uma miséria, só dá para pagar as contas. Não compra uma roupa nova faz uns dois anos, nunca sobra um troco pra isso. É difícil de entender, mas ela é superempolgada. Ama trabalhar. Trabalha amarradona. Topa todas. Na minha modesta opinião ela se prostitui diariamente, mas ao invés de vender à perereca, vende o cérebro (a preço de banana).

Ela é o oposto daquela mulher que eu vislumbrava. Não usa salto nem terninho. Usa o limite e o cartão de crédito todo mês. Vendeu o apartamento, pois não deu conta de pagar. Almoça marmita e o maior glamour da semana é fazer a unha, quando sobre tempo e dinheiro. O mais louco é que quando ela tinha vinte e poucos ela tinha um supercargo e uma superconta bancária. Mas, surtou, negou tudo e foi morar no meio do mato. Quando voltou e disse que não queria mais saber de poder, que preferia ganhar pouco mesmo, mas, fazer o que gosta.

Vá entender...

A pergunta que não quer calar: é melhor ter vinte e poucos, dinheiro e bunda gostosa ou ter trinta, superar as mentiras que contaram pra nós e ser depressiva por não viver mais na ignorância?

Vou gritar e comer balas chicletes.