quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não vou dar conta...

Uma mulher de trinta tem muitas tarefas, muita responsabilidade, muita, muita, muitaaaaaaaaaaaaaaa coisa pra fazer. Quero meus vinte anos de volta. Argh!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sobre a mentira

“Como um anjo caído
fiz questão de esquecer
que mentir pra si mesmo
é sempre a pior mentira...”
Renato Russo

Depois de ter mentiras de diversas espécies em meu currículo e, conseqüentemente, muitas decepções, resolvi mudar. Nossa, que super clichê... Mas, essa é a mais pura verdade (outro clichê?!).


Mentira machuca. Desde as mais bobas até as mais elaboradas. Quando você mente, sempre envolve mais alguém... Você decide pela outra pessoa. Decide esconder algo sem consultar. E não há nada mais triste que mentir para pessoas. Sinceridade dói e é difícil. Contar pro namorado que não gosta mais e quer acabar, contar que apareceu outra pessoa, contar pra amiga que ela está gorda com a roupa nova, contar que a comida que o amigo preparou para o jantar está ruim, contar que não conseguiu gozar. Contar qualquer uma dessas coisas gera desconforto tanto em quem conta como em quem escuta. Daí, as pessoas inventam. Inventam pra se poupar e pra poupar o próximo (poupar da verdade?! ).


Quem nunca passou pela clássica situação... Você está com o "partido" faz um ou dois meses, toda apaixonada, jura que achou o homem da sua vida e ele chega com a história: “acho que me precipitei. Não quero nada sério. Me machuquei demais no último relacionamento. Não estou pronto para namorar novamente...”. Um balde de água fria com gelos em formato de iceberg. Ele conta essa e some. Depois de duas semanas sua melhor amiga te liga: “você não sabe quem eu vi no cinema. Pior, amiga, ele tava com uma loira tipo Ana Hickmann, a desgraçada tinha 1,20m só de perna”. Um mês se passa... Você continua enfurnada em sua kitnet, sete quilos mais gorda de tanto chocolate que já comeu e, como represália contra si mesma, resolve entrar no Orkut e fuçar na vida dele. Abre o perfil e ta lá: namorando. Desgraçado. Não era mais fácil contar a verdade? Ter dito: “olha minha filha, eu até tava te curtindo, mas, uma loira de parar o trânsito apareceu na minha vida. Estou tão apaixonado, tão apaixonado, que seria capaz de casar com ela no próximo mês”. Claro, a situação toda seria horrível. Contar isso não é fácil. Mas, é honesto. É verdadeiro. É sincero. E pra mim, a verdade não tem preço. Por mais dolorosa que seja.


Pior de tudo é que, quando você mente pra alguém, o primeiro a ser enganado é você mesmo. Você inventa pra ter a sensação de conforto. Pra parecer que não é tão malvado. Afinal, depois que você já contou qualquer coisa pra pessoa, ela não é mais responsabilidade sua, você não deve mais nada pra ela. Não é? Nessas horas, sempre tento me lembrar da frase do Pequeno Príncipe: “você é eternamente responsável por aquilo que cativa”. Então, a melhor saída, na minha opinião, é: ser honesto sempre, por mais difícil que seja a situação... Por mais que você saiba que a pessoa para quem irá contar aquilo terá um ataque e jogará o que encontrar pela frente em você. Seja corajoso. Assuma assim mesmo. Pague o preço das suas atitudes. Isso é tão nobre. Tão gratificante, que você nunca mais terá coragem de SE ENGANAR NOVAMENTE..




terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Hoje, apenas uma frase...

“A ausência diminui as pequenas paixões e aumenta as grandes, da mesma forma como o vento apaga as velas e atiça as fogueiras.” 


Duque François de La Rochefoucault

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Diário de uma gordinha no SPA

Uma amiga chiquérrima deu uma engordadinha básica depois do casamento. Para voltar a forma pré-nupcial (hahaha) resolveu passar alguns dias em um SPA. Entre as 800 calorias diárias e um professor de ginástica retardado, ela arranjou um tempinho para escrever diariamente para as amigas, contando o que está acontecendo por lá. Separei alguns trechos dos e-mails, que são divertidíssimos... 



PRIMEIRO DIA 
(...) Descobri que além de gorda, sou chata e exigente. Juro pra vocês que vim pra cá sem querer brigar com ninguém - supersanguedoce –,  imaginei que descansaria, que, entre as árvores e o coachar dos sapos, teria paz e me tornaria uma pessoa mais magra, mais zen e mais relaxada. Ledo engano, claro. As paredes por aqui, devem ser de “prástico”, pq a única coisa que escuto são as conversas da minha vizinha do quarto 102 ( que por sinal só fala merda) e a TV do apartamento 104, com o BBB no último volume. Tenho vontade de morrer. Mas primeiro vou esperar emagrecer mais um pouco...
Respirei fundo e tentei ser mais tolerante, juro. Na minha primeira consulta, a nutricionista anotou tudo o que eu não gosto e todas as coisas que eu adoro. Disse que aqui, os pratos são personalizados. Falei do meu ódio pelas beringelas. Adivinha o que veio no prato do primeiro almoço? Beringela refogada com arroz integral. Minha vontade era de raspar a comida do prato dentro da bolsa da puta daquela nutricionista. Vaca! Era melhor não ter peguntado nada, não acham?
Além da beringela, tive que sentar com três adolescentes imensas que reclamaram o tempo todo da comida e ficavam falando de brigadeiro, torta de chocolate, churrasco e por aí vai. Meu ódio por adolescentes aumentou. Acho que ao invés de sair daqui relaxada, vou sair com uma úlcera no estômago(...).
SEGUNDO DIA
Acho que não vou aguentar ficar 10 dias aqui... Fui animada para a minha aula de localizada, quando vi o professor falando “o poblema é que não tem peso pra todas”, queria sair correndo. Enfim, ele foi distribuindo os pesos – que estavam em uma bonita caixa de papelão do OMO – e claro, os pesos acabaram na minha vez... Só sobrou um peso de perna do tipo de antigamente, lembram daqueles com areia dentro? Claro que estava meio furado. Toda vez que erguia a perna, comia um pouco de areia.
TERCEIRO DIA


Dia de drenagem. Por falta de opção de horário, tive que marcar no mesmo horário da hidroginástica. Na maca, sendo massageada, tentei relaxar, mas... as paredes de “prástico” não me deixaram. Escutei toda a aula de hidro e os gritos do professor que fala poblema. (...) Quando coloquei o roupão pra ir para sauna, comecei a chorar e rir ao mesmo tempo. O SPA esqueceu que eles são SPA. Que recebem gordos. Me deram um roupão de gente magriiiinha. Sai bufando, com o meu roupão três manequins menores. Na sauna me senti à vontade, todas as gordinhas estavam nuas com suas banhas expostas. Me senti magra e feliz (acho que pela primeira vez aqui neste maldito SPA). Estava eu lá, jogada, meio pelada, e o demônio adentra: “oi meninas, algum poblema de eu entrar também???”. Não, nenhum poblema querido. Fui direto pra recepção, reclamar mais uma vez. Acho que vou embora antes do esperado, só pra fazer uma carta para o procon. Socorro. Ah, a notícia boa: perdi quase quatro quilos (...). 






domingo, 24 de janeiro de 2010

Cinderela larga príncipe e Branca de Neve toma Prozac em livro na Espanha


Cinderela larga príncipe e Branca de Neve toma Prozac em livro na Espanha


Anelise Infante
De Madri para a BBC Brasil

Um livro no qual Cinderela se rebela, vira vegetariana, sai do baile só de madrugada e larga o príncipe encantado, e em que sua amiga Branca de Neve usa Prozac para combater a depressão, se tornou um dos maiores sucessos de venda das últimas semanas na Espanha.

A obra La Cenicienta que no Queria Comer Perdices (“A Cinderela que não queria comer perdizes”, em uma alusão ao tradicional final de contos em espanhol, que acabam com a frase “foram felizes e comeram perdizes”) vendeu mais de 50 mil exemplares no país nas seis primeiras semanas após seu lançamento.

A história foi criada quase que por brincadeira pela escritora Nunila López Salamero e pela desenhista Myriam Cameros Sierra.

Elas contam que ofereceram o livro a várias editoras espanholas e não receberam nem um e-mail como resposta.

Com a ajuda de amigas e de associações de combate à violência contra a mulher, López e Cameros juntaram dinheiro em coletas para a primeira publicação e o sucesso foi imediato.

Receberam apoio de intelectuais espanhóis e chamaram a atenção de uma das maiores editoras da Espanha, a Planeta, que publicou o texto.

Outras princesas

A Cinderela espanhola do século 21 percebe que era uma mulher maltratada pela madrasta e suas irmãs, abandonada pelo pai, forçada a estar magra para caber em roupas de tamanho 38 e que o príncipe, depois que se tornou seu marido, era um mandão e eterno insatisfeito.

No livro, a renovada Gata Borralheira ainda se reencontra com suas amigas princesas que também estão em nova fase e com outros personagens de contos clássicos que decidem mudar de vida.

A Bela Adormecida explica como acordou sozinha, Branca de Neve sai da depressão, deixa o Prozac (remédio ansiolítico) e resolve se bronzear até ficar morena.

“(O livro) é dedicado a todas as mulheres valentes que querem mudar de vida”, explicam as autoras.

Ele deverá ser lançado no Brasil em 2010, mas ainda sem previsão de data, nem título definitivo.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Será que eu vou virar bolor?

Pra terminar bem a semana.... Mestre Arnaldo Baptista! Há.




quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Budiando...

Depois das críticas por causa da lora (sic), do silicone, das escrituras, da verdade e da mentira... Achei um trecho que fala de Buda, em um livro que estou relendo de Simone de Beauvoir (A Velhice) , e resolvi postá-lo aqui... Independente de qualquer crença, Buda, homem rico que largou uma vida de conforto em busca da iluminação, do altruísmo e da caridade, nos deixou muitos ensinamentos... (Tendo existido ou não... toda parábola é linda e vale à pena, se a alma não é pequena...)




“Quando Buda era ainda o príncipe Sidarta, encerrado por seu pai num magnífico palácio, dele escapuliu várias vezes para passear de carruagem nas redondezas. Na primeira saída, encontrou um homem enfermo, desdentado, todo enrugado, encanecido, curvado, apoiado numa bengala, titubeante e trêmulo. Espantou-se, e o cocheiro lhe explicou o que era um velho: ‘Que tristeza – exclamou o príncipe – que os seres fracos e ignorantes, embriagados pelo orgulho próprio da juventude, não vejam a velhice! Voltemos rápido para casa. De que servem os jogos e as alegrias, se eu sou a morada da futura velhice?’

Buda reconheceu num velho seu próprio destino porque, nascido para salvar os homens, quis assumir a totalidade de sua condição. Nisso diferia deles: os homens eludem os aspectos de sua natureza que lhes desagradam.”

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Presentes para uma Balzaka




Presentes para agradar uma mulher de 30...


1. Chocolates. Mas chocolates de verdade, tipo: Pierre Marcolini, Guylian, Godiva, Lindt, kopenhagen etc.
2. Vasos de flores. Orquídeas são uma ótima opção.
3. Roupas somente se você conhecer muito bem a pessoa. Errar o manequim, nem pensar... Principalmente se for pra mais... Aff!
4. Cremes para o corpo, óleos de banho, sabonetes, shampoos, coisinhas cheirosas e que fazem bem para a estima e para a pele serão sempre muito bem vindas.
5. Livros, muitos livros. Sabe aqueles títulos clássicos, ou então aquele guia de viagem exótica? Livros de arte, de fotografia, livros com acervos de museus famosos, enfim, aqueles livros deliciosos que a gente nunca compra pra gente mesmo, pois sempre tem algum livro mais importante?
6. DVDs de clássicos do cinema, ou de shows clássicos também são uma boa opção.
7. Objetos de decoração originais e divertidos.







Presentes para agradar e ganhar pontos com uma mulher de 30...


1. Um belo jantar feito por você, especialmente pra ela, com um delicioso vinho (que combine com o prato, claro).
2. Ingressos para uma ópera, um ballet moderno ou aquela peça que ela está louca pra ver.
3. A chave do seu apartamento junto com aquela lingerie superbacanaaaaaaaa!
4. A lingerie super bacana + aquele perfume delicioso que ela ama.
5. Um final de semana em um hotel fazenda romântico ou em uma pousada de frente para o mar.
6. Qualquer coisa que ela perceba que tomou bastante tempo para você pensar, organizar, executar. Se ela perceber que fez tudo isso com muito carinho, melhor ainda.


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ausência






Eu deixarei que morra em mim
o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar
senão a mágoa de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença
é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto
existe o teu gesto e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar
uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne
como nódoa do passado
Eu deixarei...
tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite
e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa
suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só
como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém
porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar,
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente,
a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.





Letra: Vinicius de Moraes
Foto: Evandro Teixeira

Sem essa...


Sem essa. No princípio era Eva, hoje é a Carrie do Sex and the City. O que vem a seguir? Mulheres sendo vendidas em uma prateleira de supermercado? Com etiquetas de “Informações Nutricionais: cada porção de 50 quilos do produto contém…”?


O protótipo da mulher ideal ou doutrinas de comportamentos exemplares vêem sendo pregados há tempos: a primeira da lista – Eva aparece na Bíblia como um ser inferior ao homem. Segundo a narrativa bíblica, foi Eva quem levou Adão a sucumbir à tentação e perder o paraíso; mais tarde, através da imagem da virgem Maria, a Bíblia também configurou a mulher ideal. Foi a partir dela que se gerou toda a estrutura do sexo feminino considerada correta e que de certa forma se mantém inalterada até os dias de hoje. Mãe, companheira e boa esposa, ela é o molde perfeito para qualquer mulher, para todos os tempos… “Disse, então, Maria. A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque atentou na humanidade de sua serva; pois eis que, desde agora, todas as gerações me chamarão bem-aventurada.” (Lc 1, 46-48); outra personagem bíblica com forte relevância é Maria Madalena, a santa prostituta. Tratada sempre pelos escritos bíblicos como uma mulher dotada de “espírito maligno”, nela se faz explícita toda a cultura patriarcal dominante – Madalena é a mulher que precisa ser silenciada, ainda que seja a custa de pedras que a soterram no episódio da lapidação. Depois da bíblia vieram outros livros, de história ou literatura; depois os jornais em 1800 e bolinha que veiculavam matérias que nada mais eram que projetos civilizadores divulgando normas de condutas elitistas; hoje é a revista Nova com os conselhos voltados à mulher moderna… “Siga nosso incendiário roteiro e atinja ao orgasmo em 12 minutos”. Tenha santa paciência. Será que isso não terá fim? C-h-e-g-a!!!

Dentre a lista do ideário feminista, além das questões de direito civil, estava à questão da opressão pela cultura masculina, a intenção de revelar os mecanismos psicológicos dessa marginalização e de projetar estratégias capazes de proporcionar às mulheres uma liberação integral, além do corpo e dos desejos. Tudo muito nobre, mas, será mesmo que a mulher, que viveu no auge do movimento feminista, entrou no mercado de trabalho puramente pelos ideais ou talvez este fato se devesse à pobreza, à preferência dos patrões por operárias, por essas serem mais baratas e mais ‘boazinhas’ ou então, simplesmente por causa dos apavorantes massacres de homens nas grandes guerras? Difícil dizer os reais motivos, fato é que as mulheres invadiram o mercado desde esta época e, hoje, estão aí, ocupando diversos cargos e atuando em tantas profissões. Mas, e toda a questão da opressão foi esquecida? Todos os dias revistas estampam falsa liberdade, ditam condutas e valores. A mídia mostra a forma ‘certa’ de se vestir, diz quantos quilos a mulher deve pesar, ensina como se maquiar, como transar, como conquistar o homem perfeito etc. Igualzinho aos jornais de 1800 e bolinha. Simone de Beauvoir, coitada, deve se revirar no caixão quando as revistas femininas chegam às bancas.

Enfim, pro inferno com todas estas classificações e estereótipos e ideais da imagem da mulher. Morte a todos aqueles que acham que a mulher deve ser feminista ou deve ser dona-de-casa e mãe de família, que ela deve ser isso ou aquilo. Morte as fórmulas e aos modelos (inclusive ao meu modelo – que, de certa forma, estou defendendo aqui neste texto).

E… Viva la Revolución!!! A revolução verdadeira, aquela onde todos os padrões são derrubados, principalmente os internos e os do ego. Que as verdade e mentiras sucumbam diante dos olhos e que você, só você, seja capaz de ditar suas próprias regras. Sem máscaras, sem pudores, sem medos e sem hipocrisia. Alguns dirão que tudo isso não passa de utopia. Quem sabe?! … Mas, como diria Mario Quintana…

“Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos – onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo…”

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Vestido-roxo-velha X Lorão siliconado



Estava eu, bela e formosa, em uma loja de shopping procurando uma “roupicha” para o meu aniversário. Um vestidinho lilás acena pra mim e eu paro em frente a vitrine e começo a namorá-lo. Paixão certeira. De repente, duas moças magras-blondies param ao meu lado e começam um “conversê”:


- Essa loja é iradaaaa, sempre tem roupas lindas e preços bons, diz a Blond 1.


- Sério? Não parece, acho que nem minha vó usaria aquele vestido roxo-velha. Fala rindo, a lourona 2 (dona das sobrancelhas mais pretas que já vi), sobre o meu futuro vestido.


- Esse vestido tá feio mesmo. Mas, vamos entrar, você vai ver... lá dentro tem um monte de roupa show. Falam e entram na loja.

Eu, nascida no país das morenas da bunda grande, fiquei meio paralisada no alto do meu pedestal, só conferindo o figurino das moças... Lembrei da minha infância. Das minhas adoradas Barbies. As duas raparigas pareciam usar uma espécie de uniforme, sandália-plataforma-última-moda, jeans skinner, barriga aparecendo, peitos duros-redondos e artificiais pulando pra fora do decote tipo V. Lindas feito plástico.

Ri por dentro. Entrei na loja bem faceira e comprei meu vestido roxo-velha.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

La Dolce Vita



Francisca João Teixeira da Silva. 32 anos. Discreta, quase insignificante. Casada. Sem filhos. Fiel da Igreja da Cruz Erguida para o Bem das Almas. Trabalha, desde os 14 anos, como secretária da prefeitura de Guarujá-Mirim, cidade onde nasceu e nunca saiu. Seu maior lazer e diversão: ler entrevistas sobre pessoas que salvam – ora um médico da Cruz Vermelha, ora um pastor que serve sopa nas madrugadas frias de alguma capital distante. “Isso sim é vida”, pensa. Reclamar da vida seria até pecado, afinal, tem um bom marido, um trabalho e uma casa pra morar. O que mais ela poderia querer?


Dia desses, o novo prefeito, homem de visão, aconselhou Francisca a estudar na capital, fazer faculdade. Era inteligente demais para aquele fim de mundo. Foi o maior elogio que ela recebeu na vida. Saiu mais cedo do trabalho, chegou em casa e pegou o marido transando com sua prima no sofá. Eles nem notaram sua presença.

Francisca, em silêncio, foi para o quarto. Na pequena mala colocou três vestidos, um casaco de lã e um par de sapatos. Pegou suas economias e saiu pela janela, não queria ser vista. Na rodoviária comprou uma passagem para o Rio de Janeiro. No banco duro, enquanto esperava o ônibus, ela suspirou e sorriu. Seus únicos planos: conhecer o mar e estudar enfermagem.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Confissões de três punks velhas




retirado do blog 02 neurônio

Jô Hallak
Nina Lemos
Raq Affonso


Tudo o que uma mulher odeia é ser chamada de velha. Quer dizer, diz a lenda que é assim. Pois é. Estas três colunistas, que, sim, já passaram da adolescência há anos, andam recebendo reclamações na coluna de cartas do Folhateen. Dizem que estamos velhas demais. Nos chamaram de trintonas problemáticas. O que, inclusive, é verdade. Sim, somos trintonas e somos cheias de problemas. A gente não tem problemas com a idade. Inclusive porque somos meio retardadas. Continuamos com uma alma adolescente. E decidimos provar isso para vocês.
Não que a gente ache legal ser retardada! A gente é adulta em muitos sentidos. Mas não é porque você tem mais de 30 anos que precisa ficar careta.
Ser careta é levar uma vida chata, parar de se divertir em mesas de bares e de freqüentar shows de rock de bandas obscuras (de caras que, na maioria das vezes, já passaram dos 30). Ser careta é parar de fazer novos amigos de infância. E a gente espera nunca ficar assim. Achamos que estamos no bom caminho.
Inclusive porque, nos últimos dias...


- Fomos a um show de rock em um inferninho que tinha um porão. Era o show de uma banda indie de Alagoas. Depois nos falaram que era de São Paulo. Na dúvida, vamos falar que é de Alagoas, uma licença poética.
- Duas de nós brigaram com um motorista de táxi bem embaixo do Minhocão e andaram por esse lugar ermo do centro de São Paulo de mãos dadas com um amigo em busca de outro táxi. (Não recomendamos que vocês façam isso!).
- Uma de nós entrou em um grupo de adoração ao show do Wander Wildner, que acontece no mesmo porão onde tocou a banda de Alagoas. Ela e dois amigos (um de 40 anos) freqüentam o show todas as semanas e choram durante as músicas.
- Descobrimos um novo bar para freqüentar. Fica em um lugar obscuro da cidade e tem cerveja barata.
- Inventamos novos apelidos para pretês e nos censuramos por isso. Os nossos analistas dizem que isso não é uma atitude legal, pois temos essa mania de transformar tudo em piada. Mas não resistimos. E, nesta semana, inventamos os apelidos pretê-pastel e pretê-ladrão (os apelidos foram trocados para que eles não se reconheçam).
E, além disso, pagamos contas, trabalhamos muito e fizemos algumas coisas que só as pessoas de 30 mesmo fazem. Imagina como ia ser chato ter que pagar todas as contas e passar creme anti-rugas aos 15 anos. Será que somos velhas demais? Achamos que não. E, não, ninguém aqui tem crise de idade não. Crescer é bom.

Velhas, não! Vintage!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Nostalgia...


Um dia um príncipe apareceu em um cavalo branco e me dedicou essa música que eu tanto amo.
Ai. Bateu saudade dos vinte e quatro anos...

I want a girl with a mind like a diamond,
I want a girl who knows what's best,
I want a girl with shoes that cut,
and eyes that burn like cigarettes.
I want a girl with the right allocations,
Who is fast, and thorough, and sharp as a tack.
She's playing with her jewelry,
She's putting up her hair,
She's touring the facility
and picking up slack.
I want a girl with a short skirt and a long jacket.
I want a girl who gets up early, (gets up early!)
I want a girl who stays up late, (stays up late!)
I want a girl with uninterrupted prosperity,(uninterrupted!)
Who uses a machete, to cut through red tape.
With fingernails that shine like justice,
and a voice that is dark like tinted glass,
She is fast, and thorough, and sharp as a tack.
She's touring the facility
and picking up slack.
I want a girl with a short skirt and a long, long jacket.
(na na na na.....)
I want a girl with the smooth liquidation, (smoothliquidation!)
I want a girl with good dividends, (good dividends!)
At Citibank we will meet accidentally, (meet accidentally!)
We start to talk when she borrows my pen.
She wants a car with a cup holder-arm rest,
She wants a car that will get her there.
She's changing her name from Kitty to Karen,
She's trading her MG for a white, Chrysler LaBaron
I want a girl with a short skirt and a long jacket.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A mulher de 30 anos - parte I


Sabe aqueles e-mails ‘jaguaras’ que sempre aparecem na caixa postal? Aqueles que são assinados ou pelo Jabor, ou Mario Quintana, ou algum outro pop e/ou famoso? Quando você começa a ler, ri até se partir e pensa: tadinho do Quintana, o Zé Piába da esquina escreve um monte de lixo e tem coragem de assinar com o nome do Quintana...

Enfim, como nesta segunda-feira molhada minha inspiração acabou se afogando em uma poça de chuva, resolvi utilizar um texto desses, escrito pelo Jabor ou pelo Zé Piába. O título do e-mail era, Mulher de 30, daí não resisti. Resolvi postá-lo aqui, com algumas licenças poéticas, claro. Em vermelho, minhas doces observações.

- Uma mulher de 30 nunca o acordará no meio da noite para perguntar: "O que você está pensando?" Ela não se importa com o que você pensa, mas se dispõe de coração se você tiver a intenção de conversar.

Existem poucas razões para uma mulher de trinta acordar no meio da noite: fazer xixi; mandar o companheiro ir mais pro canto da cama e chamá-lo de ogro espaçoso; transar mais uma vez ou vestir a roupa e ir embora correndo. E sim, com certeza ela se dispõe a conversar, mas não seja louco de acordar uma mulher de trinta depois que ela já pegou no sono.

- Se uma mulher de 30 não quer assistir o jogo, ela não fica à sua volta resmungando. Ela faz alguma coisa que queira fazer. E, geralmente é alguma coisa bem mais interessante.

Sabe que tudo depende nessa vida, né?! Verdades absolutas não existem Seu Zé Piaba. Experimenta por exemplo, assistir ao jogo no dia da faxina. Vai voar televisão e marido/namorado pra fora. Sem dó. É, uma mulher de trinta não se contenta com qualquer coisa. É dez vezes mais exigente que uma de vinte. E claro, dez vezes mais chata também.

- Uma mulher de 30 se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer. Poucas mulheres de 30 se incomodam com o que você pensa dela ou sobre o que ela está fazendo.

Com certeza ela se conhece um pouco mais que uma mulher de vinte. Mas também não é esse poço de segurança. Não se iludam!!! Ah, mas uma coisa eu garanto, ela terá muito senso de humor e se você broxar, ela fará boas piadas. Ah, e você não precisará dizer: “isso nunca me aconteceu antes”.

- Mulheres dos 30 são honradas. Elas raramente brigam aos gritos com você durante a ópera ou no meio de um restaurante caro. É claro, que se você merecer, elas não hesitarão em atirar em você, só se elas acharem que poderão se safar impunes.

Falou pouco e disse tudo, Zé Piába. Sou obrigada a concordar com você neste tópico. Mas vem cá... Que homem leva uma mulher de vinte a ópera? Deve ser por isso que ela grita...

- Uma mulher de 30 tem total confiança em si para apresentar-te para suas melhores amigas. Uma mulher mais nova tende a ignorar mesmo sua melhor amiga porque ela não confia no cara com outra mulher.

Confiança ou você tem ou você não tem. Não tem nada a ver com idade.

- Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem. Você nunca precisa confessar seus pecados para uma mulher com mais de 30. Elas sempre sabem.

Mulheres se acham psicanalistas a vida inteira. Adoram dar conselho e palpite em qualquer fase da vida.

- Uma mulher com mais de 30 fica linda usando batom vermelho. O mesmo não ocorre com mulheres mais jovens.

Desculpa aí, mas, qualquer coisa cai bem em uma mulher de trinta anos. Geralmente ela não é extravagante, não usa miniblusa, nem tenta chamar atenção pelos seus atrativos físicos. Mesmo de batom vermelho, consegue ser discreta.

- Mulheres mais velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se você for um idiota, se você estiver agindo como um!

Sim. Mulheres de trinta costumam ser extremamente práticas e objetivas. Até mesmo para fazer compras.

- Você nunca precisa se preocupar onde você se encaixa na vida dela. Basta agir como homem, e o resto deixe que ela faça. Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 por um "sem" número de razões. Infelizmente, isso não é recíproco.Para cada mulher de mais de 30, estonteante, inteligente, bem apanhada e sexy, existe um careca, velho, pançudo em calças amarelas bancando o bobo para uma garçonete de 22 anos. Senhoras, eu peço desculpas: Para todos os homens que dizem, "porque comprar a vaca se você pode beber o leite de graça?", aqui está a novidade para vocês: Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento, sabe por quê? Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça. Nada mais justo.

Não vou comentar esse final... Fica aí a provocação. Háháhá...


domingo, 10 de janeiro de 2010

Fazer trinta custa caro!






Tudo estava indo bem. Rolava até uma pira-romântica-balzaquianeza: uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. É madura. Já não tem tantas ilusões... Diferente da moça-aprendiz de vinte, a de trinta, ensina. A de vinte, como dizia H. De Balzac, “acredita ter dito tudo tirando o vestido (...). Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força a fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sobe pena de não sê-lo, nada pode satisfazer”.

A visão romântica caiu por terra quando abri a caxinha do correio e vi a porra do boleto bancário do seguro saúde. Quarenta e sete reais de aumento por motivos de mudança de faixa etária. Será que eu posso processá-los por discriminação?


Ano novo. Blog Novo.

A ideia é fazer uma postagem por dia sobre as alegrias e tristezas de uma mulher que acaba de completar 30 anos, sempre com muito bom humor, claro. Além das crônicas e confidências, uma porção de outras coisas para mulheres de 30, ou para homens que pretendem (tentar) entender um ser dessa espécie.