sexta-feira, 7 de maio de 2010

Padrão 30 rosa fúcsia

Quando eu era mais nova e pensava em mulheres de trinta anos, eu tinha uma visão bem clichê: cabelos na altura do ombro, impecavelmente escovados; terninho grafite - corte reto; camisa de seda rosa fúcsia por baixo. Salto dez. Uma mulher madura, linda, poderosa e com uma conta bancária invejável. Sabe o tipo, vida feita? Aquela que ela já cuidou da vida profissional, estudou, se dedicou e quando chegou aos trinta pode pensar na vida pessoal, quem sabe casar e procriar?! Sim, eu era romântica quando tinha 15 anos.


A realidade que vejo por aí não é tão doce assim. Tem a amiga que é mãe, esposa, dona de casa, trabalha fora e faz mestrado. Brinco que ela é minha heroína. Já acho difícil pagar a prestação do carro e cuidar da minha gata. Aff!

Tem a outra que acabou de ter bebê, acorda de madrugada para deixar a filha no berçário. Sabe quanto custa o berçário? Oitocentos mil réis. Pasmem mulheres solteiras. Um bebê que só mama e suja as fraldas já custa essa quantia toda. Tem a que chora quase todo dia quando sai do trabalho e sonha com a possibilidade de fugir em um balão. Tem a que está construindo uma casa pré-fabricada no fundo da casa da mãe já que não conseguiu comprar o apartamento que sonhava. Tem outra que trabalha em dois lugares diferentes, o primeiro turno é das 07h às 13h e o outro é das 13h30 às 20h. Ah e tem a que fuma tanta maconha que já tá lesada (permanentemente).

A piorzona de todas é uma amiga bem próxima que tem dois empregos fixos e mais dois como free lancer. Trabalha umas 12 horas por dia. Dorme cinco. Ganha uma miséria, só dá para pagar as contas. Não compra uma roupa nova faz uns dois anos, nunca sobra um troco pra isso. É difícil de entender, mas ela é superempolgada. Ama trabalhar. Trabalha amarradona. Topa todas. Na minha modesta opinião ela se prostitui diariamente, mas ao invés de vender à perereca, vende o cérebro (a preço de banana).

Ela é o oposto daquela mulher que eu vislumbrava. Não usa salto nem terninho. Usa o limite e o cartão de crédito todo mês. Vendeu o apartamento, pois não deu conta de pagar. Almoça marmita e o maior glamour da semana é fazer a unha, quando sobre tempo e dinheiro. O mais louco é que quando ela tinha vinte e poucos ela tinha um supercargo e uma superconta bancária. Mas, surtou, negou tudo e foi morar no meio do mato. Quando voltou e disse que não queria mais saber de poder, que preferia ganhar pouco mesmo, mas, fazer o que gosta.

Vá entender...

A pergunta que não quer calar: é melhor ter vinte e poucos, dinheiro e bunda gostosa ou ter trinta, superar as mentiras que contaram pra nós e ser depressiva por não viver mais na ignorância?

Vou gritar e comer balas chicletes.

sábado, 24 de abril de 2010

Imagens da internet



Adoro achar boas imagens na internet... de pessoas loucas que ficam bolando coisas mais loucas ainda, em casa.... por falta do que fazer. (não sei se era esse o caso, hahaha. mas, amei a foto...). Não achei o crédito dessa. Sorry,  fotógrafo. =)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Causa Mortis


Sabe por que mulher de 30 morrem? 

Quero dizer, quando não morrem de morte matada, ou por acidente de carro, ou incêndio?

Morrem engasgadas com bala chicletes, por motivo de ansiedade.

É verdade. Não duvidem de mim.

PS: Eu já comi 852 balas chicletes hoje e 495 minhocas ácidas.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Moça Moderna

A personagem: moça moderna de 30 anos estressada de tanto trabalhar.

O figurino: calça de pijama verde, com camisola cinza e casaco de listras por cima. Chinelo havaianas e meias. Fanha, descabelada e sofrendo com dor de cabeça crônica desde às 15h30.

O ofício: escrever "romanticamente" sobre como as mulheres modernas se parecem com princesas...

A ação: convulsões "espamáticas" seguidas de ataques de riso e choro e cabeçadas na parede.

PS: ao menos hj ela foi ao salão e fez pé e mão. Quando lembra disso e repara nas mão perfeitas, com unhas pintadas e sem nenhuma cutícula, ela percebe que nem tudo está perdido.

hauahuahuahuahauhauhauhauhauhaua.

PS 2: a Balzaka voltou. Depois de um mês em crise e de assumir o trabalho de oito mulheres, ela voltou!

terça-feira, 23 de março de 2010

Distância




Coisa ruim essa de ficar longe.
De querer e não ter.
De morar um aqui o outro lá.

Ruim marcar hora pra falar.
Ver pixel e não pele.
Ter que narrar pro outro imaginar...

Ruim não usar os três melhores sentidos...
Olfato. Tato. Paladar.
Ruim não poder participar.
Ter que esperar...

O lado bom?

Gostoso é não ter tempo pra brigar.
Aquietar o desejo pra depois matar...
Gostoso é valorizar.
É não cair na rotina.

Gostoso é receber mensagem no meio da reunião.
É beijar a foto amassada que fica encostada nos livros da estante.
Ficar ansiosa. Sentir frio na barriga.
É riscar os dias que já passaram.
É saber que um dia a distância terá fim...



domingo, 21 de março de 2010

Eu só tenho amiga "artista chique"...

Gentens,

Sério, eu só tenho amiga podreeeeeeeeeeeeeeeeee de chique, inteligente e famosa! Para ninguém dizer que é mentira, tou postando uma canção da amiga, diretora de produção, cantora, compositora e adestradora de leões, nas horas vagas, Nicole Zeghbi. Escutem e se apaixonem. Quem quiser ouvir mais, só passar no My Space da moça.




www.myspace.com/nicolezeghbi

quinta-feira, 18 de março de 2010

ESPELHO

Sou prata e exato. Eu não prejulgo.


O que vejo engulo de imediato

Tal qual é, sem me embaçar de amor ou desgosto.

Não sou cruel, tão somente veraz —

O olho de um deusinho, de quatro cantos.

O tempo todo reflito sobre a parede em frente.

É rosa, com manchas. Fitei-a tanto

Que a sinto parte de meu coração. Mas vacila.

Faces e escuridão insistem em nos separar.



Agora sou um lago. Uma mulher se inclina para mim,

Buscando em domínios meus o que realmente é.

Mas logo se volta para aqueles farsantes, o lustre e a lua.

Vejo suas costas e as reflito fielmente.

Ela me paga em choro e agitação de mãos.

Sou importante para ela. Ela vai e vem.

A cada manhã sua face reveza com a escuridão.

Em mim afogou uma menina, e em mim uma velha

Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrendo.
poesia de Sylvia Plath
tradução de Vinicius Dantas

terça-feira, 16 de março de 2010

O primeiro a gente nunca esquece…


Parei em frente ao espelho, como faço toda manhã. Tirei o secador do armário e comecei o procedimento: cabeça pra baixo, uma mão segura e chacoalha o secador, a outra bagunça os fios finos e lisos na tentativa de obter algum volume. Cinco minutos, no máximo, e,  a curta cabeleira está irritantemente arrumada. Com um movimento rápido das mãos uma última tentativa – frustrante – de bagunçar a medeixa. Desisto. Para finalizar, um grampo segura a franja.


Hoje cedo percebi algo diferente. Olhei de frente. Virei o rosto de perfil vagarosamente, primeiro para um lado, depois pro outro, como se tentasse achar um dos sete erros do jogo. Aproximei o rosto do espelho, quase grudei a bochecha do vidro gelado e algo brilhou, lá no topo da cabeça, brilhou e sumiu. Um movimento suave, quase em câmera lenta, para pegar no flagra aquilo que brilhava... Pouquinho pra lá e de repente, o ângulo certo me fez enxergá-lo novamente... meu primeiro cabelo branco, lindamente reflexivo, rindo de mim, e me lembrando, já cedo, que realmente, não tenho mais vinte e poucos anos...

PS: era para esse blog ser divertido.
PS2: a Meryl Streep é o máximo, mesmo de cabelo branco.
PS3: vou me enforcar em um pé de couve.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Um pouco de música e clichê...


— Amor, você me dá aquela estrela ali?

— Eu te darei o céu meu bem e o meu amor também.

— Você me ama? De verdade?

— Amo-te tanto, meu amor... não cante / O humano coração com mais verdade... / Amo-te como amigo e como amante / Numa sempre diversa realidade. / Amo-te afim, de um calmo amor prestante / E te amo além, presente na saudade. / Amo-te, enfim, com grande liberdade / Dentro da eternidade e a cada instante...

— Que lindo... Mas... Não te dá medo? Todo esse amor?

— Ah! Deixa pra lá meu amor / Vem comigo e esquece / Este drama ou o que for / Sem sentido / Ama não ama se ama me chama / Que eu vou...

— Eu também vou. Mas quero que dure pra sempre...

— Amor da minha vida, / Daqui até a eternidade / Nossos destinos foram traçados na maternidade...

— Ufa! Se é assim... Se essa felicidade durar a vida toda... mas me diz, onde você estava todo esse tempo?

— Vivia a te buscar / Porque pensando em ti / Corria contra o tempo / Eu descartava os dias em que não te vi / Como de um filme / A ação que não valeu / Rodava as horas pra trás / Roubava um pouquinho / E ajeitava o meu caminho / Pra encostar no teu...

— Ah, você é perfeito. Casa comigo???



segunda-feira, 8 de março de 2010

Geração Y - acho que eu sou. E você?



Eles já foram acusados de tudo: distraídos, superficiais e até egoístas. Mas se preocupam com o ambiente, têm fortes valores morais e estão prontos para mudar o mundo
RITA LOIOLA - para revista galileu
Priscila só faz o que gosta. Francis não consegue passar mais de três meses no mesmo trabalho. E Felipe leva a sério esse papo de cuidar do meio ambiente. Eles são impacientes, preocupados com si próprios, interessados em construir um mundo melhor e, em pouco tempo, vão tomar conta do planeta.
Com 20 e poucos anos, esses jovens são os representantes da chamada Geração Y, um grupo que está, aos poucos, provocando uma revolução silenciosa. Sem as bandeiras e o estardalhaço das gerações dos anos 60 e 70, mas com a mesma força poderosa de mudança, eles sabem que as normas do passado não funcionam - e as novas estão inventando sozinhos. "Tudo é possível para esses jovens", diz Anderson Sant'Anna, professor de comportamento humano da Fundação Dom Cabral. "Eles querem dar sentido à vida, e rápido, enquanto fazem outras dez coisas ao mesmo tempo."
Folgados, distraídos, superficiais e insubordinados são outros adjetivos menos simpáticos para classificar os nascidos entre 1978 e 1990. Concebidos na era digital, democrática e da ruptura da família tradicional, essa garotada está acostumada a pedir e ter o que quer. "Minha prioridade é ter liberdade nas minhas escolhas, fazer o que gosto e buscar o melhor para mim", diz a estudante Priscila de Paula, de 23 anos. "Fico muito insatisfeita se vejo que fui parar em um lugar onde faço coisas sem sentido, que não me acrescentam nada."
A novidade é que esse "umbiguismo" não é, necessariamente, negativo. "Esses jovens estão aptos a desenvolver a autorrealização, algo que, até hoje, foi apenas um conceito", afirma Anderson Sant'Anna. "Questionando o que é a realização pessoal e profissional e buscando agir de acordo com seus próprios interesses, os jovens estão levando a sociedade a um novo estágio, que será muito diferente do que conhecemos."
Nessa etapa, "busca de significado" é a expressão que dá sentido às coisas. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA/USP) realizada com cerca de 200 jovens de São Paulo revelou que 99% dos nascidos entre 1980 e 1993 só se mantêm envolvidos em atividades que gostam, e 96% acreditam que o objetivo do trabalho é a realização pessoal. Na questão "qual pessoa gostariam de ser?", a resposta "equilibrado entre vida profissional e pessoal" alcançou o topo, seguida de perto por "fazer o que gosta e dá prazer". O estudo, desenvolvido por Ana Costa, Miriam Korn e Carlos Honorato e apresentado em julho, tentou traçar um perfil dessa geração que está dando problema para pais, professores e ao departamento de RH das empresas.
No trabalho, é comum os recém-contratados pularem de um emprego para o outro, tratarem os superiores como colegas de turma ou baterem a porta quando não são reconhecidos. "Descobrimos que eles não são revoltados e têm valores éticos muito fortes, priorizam o aprendizado e as relações humanas", diz Miriam. "Mas é preciso, antes de tudo, aprender a conversar com eles para que essas características sejam reveladas."
BERÇO DIGITAL § E essa conversa pode ser ao vivo, pelo celular, e-mail, msn, Twitter ou qualquer outra ferramenta de comunicação que venha a surgir no mundo. Essa é a primeira geração que não precisou aprender a dominar as máquinas, mas nasceu com TV, computador e comunicação rápida dentro de casa. Parece um dado sem importância, mas estudos americanos comprovam que quem convive com ferramentas virtuais desenvolve um sistema cognitivo diferente.
Uma pesquisa do Departamento de Educação dos Estados Unidos revelou que crianças que usam programas online para aprender ficam nove pontos acima da média geral e são mais motivadas. "É a era dos indivíduos multitarefas", afirma Carlos Honorato, professor da FIA. Ao mesmo tempo em que estudam, são capazes de ler notícias na internet, checar a página do Facebook, escutar música e ainda prestar atenção na conversa ao lado. Para eles, a velocidade é outra. Os resultados precisam ser mais rápidos, e os desafios, constantes.
É mais ou menos como se os nascidos nas duas últimas décadas fossem um celular de última geração. "Eles já vieram equipados com a tecnologia wireless, conceito de mobilidade e capacidade de convergência", diz a psicóloga Tânia Casado, coordenadora do Programa de Orientação de Carreiras (Procar) da Universidade de São Paulo. "Usam uma linguagem veloz, fazem tudo ao mesmo tempo e vivem mudando de lugar." O analista Francis Kinder, de 22 anos, não permanece muito tempo fazendo a mesma coisa. "Quando as coisas começam a estabilizar fico infeliz", diz. "Meu prazo é três meses, depois disso preciso mudar, aprender mais."
Um estudo da consultoria americana Rainmaker Thinking revelou que 56% dos profissionais da Geração Y querem ser promovidos em um ano. A pressa mostra que eles estão ávidos para testar seus limites e continuar crescendo na vida profissional e pessoal. Essa vontade de se desenvolver foi apontada como fundamental para 94% dos jovens entrevistados pelos pesquisadores da FIA. Os dados refletem a intenção de estar aprendendo o tempo todo. Mas, dessa vez, o professor precisa ser alguém ético e competente.
"Esse ambiente onde qualquer um pode ser desmascarado com uma simples busca no Google ensinou aos mais novos que a clareza e a honestidade nas relações é essencial", afirma Ana Costa, pesquisadora da FIA. "Não consigo conviver com gente pouco ética ou que não cuida do ambiente onde vive", diz Felipe Rodrigues, 22 anos, estudante de administração. O sentimento do rapaz é compartilhado por 97% dos nascidos na mesma época, que afirmam não gostar de encontrar atitudes antiéticas ao seu redor, de acordo com os dados da FIA. "Chegou a hora dos chefes transparentes, alguém que deve ensinar. A geração passada enxergava os superiores como seres para respeitar e obedecer. Não é mais assim."
Mas, além de aprender com os superiores, eles sabem que também podem ensiná-los, em uma relação horizontal. Os jovens modernos funcionam por meio de redes interpessoais, nas quais todas as peças têm a mesma importância. "A Geração Y mudou a forma como nós interagimos", diz Ana Costa. "O respeito em relação aos superiores ou iguais existe, mas é uma via de duas mãos. Eles só respeitam aqueles que os respeitam, e veem todos em uma situação de igualdade", afirma.

VIDA PESSOAL EM PRIMEIRO LUGAR § Os sinais mais claros da importância que os jovens dão aos próprios valores começam a piscar no mundo do trabalho. Como seus funcionários, as empresas estão flexibilizando as hierarquias, agindo em rede, priorizando a ética e a responsabilidade. E, se no passado a questão era saber equilibrar a vida íntima com uma carreira, hoje isso não é nem sequer questionado: a vida fora do escritório é a mais importante e ponto final.
Uma oficina sobre carreiras com estudantes da Faculdade de Administração da USP mostrou que a prioridade da maioria deles é ter "estilo de vida", ou seja, integrar o emprego às necessidades familiares e pessoais - e não o contrário. "A grande diferença em relação às juventudes de outras décadas é que, hoje, eles não abrem mão das rédeas da própria vida", diz Tânia Casado. "Eles estão customizando a própria existência, impondo seus valores e criando uma sociedade mais voltada para o ser humano, que é o que realmente importa no mundo."
"VAMOS MUDAR O MUNDO!"
Nos últimos 60 anos, três gerações marcaram época e mudaram os valores e o jeito de a sociedade pensar. Agora é a vez da abusada Geração Y
TRADICIONAIS (até 1945) >>> É a geração que enfrentou uma grande guerra e passou pela Grande Depressão. Com os países arrasados, precisaram reconstruir o mundo e sobreviver. São práticos, dedicados, gostam de hierarquias rígidas, ficam bastante tempo na mesma empresa e sacrificam-se para alcançar seus objetivos.
 BABY-BOOMERS (1946 a 1964) >>>São os filhos do pós-guerra, que romperam padrões e lutaram pela paz. Já não conheceram o mundo destruído e, mais otimistas, puderam pensar em valores pessoais e na boa educação dos filhos. Têm relações de amor e ódio com os superiores, são focados e preferem agir em consenso com os outros.
 GERAÇÃO X (1965 a 1977) >>> Nesse período, as condições materiais do planeta permitem pensar em qualidade de vida, liberdade no trabalho e nas relações. Com o desenvolvimento das tecnologias de comunicação já podem tentar equilibrar vida pessoal e trabalho. Mas, como enfrentaram crises violentas, como a do desemprego na década de 80, também se tornaram céticos e superprotetores.
 GERAÇÃO Y (a partir de 1978) >>> Com o mundo relativamente estável, eles cresceram em uma década de valorização intensa da infância, com internet, computador e educação mais sofisticada que as gerações anteriores. Ganharam autoestima e não se sujeitam a atividades que não fazem sentido em longo prazo. Sabem trabalhar em rede e lidam com autoridades como se eles fossem um colega de turma.


O SENHOR Y
 Bruce Tulgan, 42, fundou uma consultoria e se dedica a estudar os jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Seu último livro, Not Everyone Gets a Trophy: How to Manage Generation Y (Nem todo mundo ganha um troféu: como lidar com a geração Y, ainda sem edição brasileira), traça um perfil dessa nova geração.
* É lenda urbana ou de fato esses jovens não respeitam os superiores?
Tulgan: A geração Y respeita seus superiores, mas não cede de uma hora para outra. Ela não vê as relações em termos hierárquicos. O que eles querem dos chefes é oportunidade de aprendizado, responsabilidades e chances de melhorar o que fazem. Eles querem se afirmar e estão à vontade com os mais velhos - às vezes até um pouco à vontade demais.
* Isso é porque eles nasceram no que você chama de "década da criança"?
Tulgan:
 Talvez. Essa geração foi superprotegida, educada em uma época em que valorizar a auto-estima e fazer as crianças se sentirem bem era a linha dominante. O resultado foi a criação de uma mentalidade que é uma fonte inesgotável de energia, entusiasmo e inovação que, se não for bem conduzida, pode causar muitos problemas.
* E isso fez com que eles se tornassem mais individualistas?
Tulgan:
 Mesmo sendo altamente individualistas e focados nas próprias recompensas, têm uma profunda consciência social, preocupação com o meio ambiente e com os direitos humanos. A maioria tem valores morais muito fortes e tentam viver por eles.

sábado, 6 de março de 2010

Escritoras Selvagens



Ilustração de Raul Allen. Amei!!!!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Consultório Poético - Fabrício Carpinejar

Sou louca (no bom sentido) por ele, gente. Tou viciada em seus textos, livros e blogs... Tomei a liberdade de copiar e colar um texto que ele postou ontem, em seu blog Consultório Poético, em resposta a um leitor ciumento... Tudibão. Não percam!


"Dentro da grande intimidade, emerge o estranhamento. Não é o fim, não é o anúncio de separação, é uma ansiedade para resolver logo a situação e não sofrer com revezes. Mal começamos a amar e já pretendemos nos aposentar e sacar o Fundo de Garantia do afeto. A vontade é evitar esforços, consolidar o que foi feito, não pensar mais.  


Mas o amor é o contrário da carreira, o trabalho aumentará com o tempo. Amor estável é amor morto.

O problema do casal não é o passado ou o presente, porém o futuro, a prevenção sempre catastrófica.  Usamos a hostilidade para exigir respostas quando nem sabemos direito quais são as perguntas.  

Em sua carta, reparo em uma exigência maior do que ela pode oferecer. Pede antecipada uma vida a dois. Não deseja desfrutar do namoro, mas já do casamento, dos filhos e da velhice. É uma promissória longa demais para a experiência de vocês. A gula impede o sabor: atacará o prato desordenado, encherá a boca com displicência, indiferente aos temperos. 

Recomendo calma. Não é o momento de decidir, mas de aceitar, abrir espaço e compreender o contexto. Escondemos as fraquezas na superioridade. O Iago já estava conspirando dentro do Otelo - apenas apareceu um figurante de carne e osso para cruzar as suspeitas.

De modo involuntário, persegue um ideal de domínio, louco para exercer o controle e ditar as cartas. Não admite que nada aconteça diferente do planejado. No fim das contas, procura mostrar que você é melhor do que ela e ela precisa deixar de ser o que é porque só assim ela estará realmente lhe amando. Quer uma renúncia para apaziguar sua fome, não entende que se ela desistir do que acredita logo mais desistirá da crença do próprio namoro.

Por ser prática e diferente, não consegue antecipar seus movimentos. Gostaria que repetisse exatamente suas atitudes para comprovar sintonia. Isso não é harmonia, é desespero autoritário.

O orkut é maravilhoso para intrigas e suposições paranóicas. Se existisse internet na época de Shakespeare, Desdêmona não durava um dia. Relato uma experiência. Minha namorada tem um depoimento do seu ex na página inicial. Ele diz: "Eu te amo tanto". Claro que parti ensandecido para cima  e cobrei a exclusão do post. Considerava um insulto. Nossa falha é que nos sentimos idiotas, com medo de que seremos os últimos a descobrir os enganos. O medo não pensa, conclui.

Minha namorada não poderia descartar o depoimento, pois se veria envergonhada diante de suas amizades. Fundamentaria meu disparate e permitiria próximos boicotes. Além de tudo, era uma homenagem de uma época e sequer brigou com ele, e sim se separou. Permanece amiga e não tenho que restringir suas afinidades com qualquer um, mas dedicar meu tempo a cuidar das nossas.

A confiança depende de um passo singelo: não antecipar o pior.

Ao mexer no e-mail de nosso par, por exemplo, investigaremos cada vírgula posta, questionaremos o motivo do beijo se transmudar em beijinho, insuflados pela possibilidade de testemunhar uma infidelidade eminente.

Se sua namorada não publicou suas fotos no orkut, continue atualizando seu álbum. É melhor do que queimar o filme por bobagens. Exiba orgulho do relacionamento e não peça imitações. Toda cobrança é preguiça: procuramos deixar de fazer simplesmente porque o outro não faz." 

quarta-feira, 3 de março de 2010

POR QUE EVA COMEU A FRUTA?

Não foi assim facinho não!!!

No início, Eva não queria comer a fruta.

- Come - disse a serpente astuta! - e serás como os anjos!

- Não - respondeu Eva. Virando a cara para o lado!

- Terás o conhecimento do Bem e do Mal - insistiu a víbora.

- Eva cruzou os braços, olhou bem na cara da serpente e respondeu firme:

- Não!

- Serás imortal.

- Não! Já disse!

- Serás como Deus!

- NÃO, e NÃO! Já disse que NÃO!

Irritadíssima, quase enfiando a fruta goela abaixo, a serpente já estava
desesperada e não sabia mais o que fazer para que aquela mulher, de
princípios tão rígidos e personalidade tão forte comesse a fruta. Até que
teve uma idéia, já que nenhum dos argumentos haviam funcionado...
Ofereceu novamente a fruta e disse com um sorrisinho maroto:

- Come, boba!!! EMAGRECE!!!!

terça-feira, 2 de março de 2010

Colo

Dedicado ao Super-Homem que
parou o mundo para eu descer ontem


A maioria dos homens desconhece o poder de um colo. Colo no bom sentindo, minha gente... No sentido de cuidar, mimar, paparicar etc. Nada tem a ver com “sentar” no colo (não que este outro colo não seja bom, mas, isso é assunto para outro texto).

Quando uma mulher de trinta pede colo é sinal que seu mundo desabou e ela precisa que alguém diga - com voz de galã de novela mexicana:

- Calma, minha querida, vou ali fora parar o mundo pra você descer... - Não, minha flor, não é incômodo nenhum, pelo contrário, é um prazer... - Pronto, pronto, tá tudo bem agora, deita aqui no meu ombro que hoje minha prioridade é cuidar de você...

Tá. Exagerei. Geralmente só uma ligação carinhosa e preocupada já resolve tudo. É tão simples, tão fácil, que chega a ser ridículo... Por isso homens do meu Brasil, por mais que a sua mulher faça pose-eterna-de-Mulher-Maravilha, em algum momento ela precisará de um Super-Homem por perto. A boa notícia é que você não precisará voar nem ter superpoderes, só um pouquinho de sensibilidade.



segunda-feira, 1 de março de 2010

Dia chato

tpm
mal humorada
muito trabalho
pouco dinheiro
dieta avassaladora
unha por fazer
sem tempo pra nada
aula pra preparar
céu cinza
frio
chuvisco
porra, será que poderia cair um "prazerzinho" do céu?

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sobre a sinceridade...

"Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal."

Sábia frase de Oscar Wilde. Hei de aprender isso na marra. Custe o que custar!!!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tesão X Trinta Anos

Existem mil coisas do tipo “muito tesão”. Tem coisa que dá tesão hoje e depois perde a graça (e vice-versa). Na minha fase balzakiana de ser, não tenho achado muita graça nas coisas efêmeras demais. Prefiro  as questões qualitativas... Acho que estou atrás daqueles ‘tesões’ que duram mais do que alguns poucos minutos, daquelas sensações tão boas e pequenas e infantis e que me fazem enxergar como sou ridícula e imperfeita e feliz e como eu me aceito cada vez mais, enfim... Não são todas as pessoas que se permitem viver essas pequenas coisas tesudas. Bom, resolvi listar aqui coisas que me deixam com muito tesão pela vida. Sim, vou me expor, pra você rir ou chorar da minha cara e conhecer um pouco mais dessa humilde trintona  que tem como ofício escrever neste delicioso-blog-divertido. Então vamos lá...


É muito tesão:


1. Escutar Mutantes no último volume com o sub-woofer estourando de tão alto. E claro, cantando bem louca: “No fim das contas... Estamos dando voltas... Num círculo vicioso... Perigoso para o sistema nervoso... Abalado, sempre disfarçado... Atrás de um sorriso... De Narciso afogado... Ai, que nervosa estou... Sou neurastênica... Preciso me casar... Senão, eu vou pra Jacarepaguá!”

2. Ir num show do Pato Fu e pular e gritar e pogar e me descabelar e cantar (pq o que é realmente bom, descabela. Há!).

3. Fotografar coisas que a maioria não vê, como por exemplo, uma formiga carregando uma folha e caindo o tempo todo por causa do vento forte e perceber que, eu só a vi, por que estava deitada de barriga pra baixo cheirando a grama do quintal.

4. Tomar um delicioso vinho com alguém que admiro, em um jantarzinho romântico no quintal de casa.

5. Cuidar da minha horta e ‘conversar’ com os tomates, as ervilhas e as rúculas.

6. Dormir até tarde e ao acordar perceber a Chica (minha gata) deitada em meu travesseiro esquentando as minhas orelhas.

7. Viajar de férias com as amigas para fazer um ritual de bruxa no meio da praia, com direito a fogueira, chás exóticos e limpeza de aura.

8. Sentar em baixo da pitangueira do quintal e comer pitanga até enjoar.

9. Acordar sendo chamada por algum novo apelido.

10. Perdoar e dar um abraço bem forte e não guardar mágoa de nada e nem de ninguém.

11. Ir numa montanha russa bem alta e ficar morrendo de medo e depois adorar o frio na barriga na hora da descida.

12. Não me culpar  pelos erros que cometi no passado, aprender com eles e não repetí-los,  jamais. E perceber que sem eles eu não seria a metade do que sou hoje.

13. Correr com os meus cachorros até cair na grama.

14. Trabalhar com o que amo e lembrar que eu tive coragem de não me submeter mais a empregos que odeio só para ganhar uma montoeira de dinheiro e de estresse.

15. Aprender a ter controle e arcar com as minhas escolhas, por piores que elas sejam.

16. Rir muito até doer a barriga e perceber que quanto mais eu rio mais leve e fácil a vida fica.

17. Alugar uma cama elástica para passar a madrugada pulando e vendo as estrelas ou comprar uma piscina e tomar muito banho peladaaaa!

18. Perceber deus na natureza ao meu redor quando vou para o meio do mato ou para uma linda praia.

19. Ser feliz e honesta comigo ( e com os outros), sempre...





segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Na "radiola" de uma balzaka

Gentem, tou apaixonada por essa cantorazinha fofa.
Ah, e essa música é demais. Linda, romântica...
Não paro de ouvir.



Cantora: Adele

Música: Daydreamer











domingo, 21 de fevereiro de 2010

Como acabar com a ansiedade em 9 passos

Ansiosa? Não. Não sou mais. Receita? Claro, vai lá... Anota o passo-a-passo.


1) Larga tudo. Começa pelo marido e pelo trabalho, claro, se essas coisas te fazem mal de verdade. Por exemplo, se o marido é um putanheiro e ainda acha que tá com a razão e se o chefe só consegue ver teus defeitos e não enxerga as dezesseis horas seguidas que você passa na ‘firma’, sem contar que nas outras oito que restam você não consegue dormir, de tão estressada, esquece, filha. Chuta, mas, tem que ser bicudão.

2) Depois de mandar marido e chefe às favas, corte o laço com a humanidade. Esqueça, por uns tempos, que existe secretária eletrônica, e-mail, celular e coloque uma mensagem de luto no Orkut, ou, se preferir, algo mais religioso e cínico: matei marido e chefe, depois me matei. Mas, me tornei uma pessoa de Deus e em breve, ressuscitarei. Se fizer isso, esconda o celular bem longe, de preferência o enterre no jardim, pois todos os seus amigos irão ligar pensando que você perdeu o juízo de uma vez por todas.

3) Próximo passo: passa na agência de viagens e reserva as passagens. Vai praquele lugar que você sempre sonhou, mas que você se continha com medo de perder os amigos. Quando falava da idéia, eles te olhavam como se você fosse à reencarnação do Alien e mandavam suspender a tua bebida. Pode ser aquele hotel jamaicano de suruba que é liberado trepar com o garçom ou então, para uma tribo indígena no meio da Amazônia para tomar chá de Ayahuasca. Ah, e não marque a passagem de volta, isso você só faz quando cansar e sentir saudades de casa, mesmo que esse processo demore seis meses ou, que ele nunca chegue. Nesse caso, fique, forever and ever...

4) Voltou? Sentiu falta de congestionamento? Daquela aura cinza de cidade grande? Tudo bem, é normal. Agora repense em como vai ganhar a vida. Mas pense com o coração, não com o bolso. Se algum pensamento do tipo: nossa, mas eu vou ganhar menos, invadir sua mente, bata com a cabeça na parede, bem rápido e com força, em seguida, molhe os pulsos. Encare que você tem duas opções na vida: ser feliz e classe média, ou, ser rica e gastar parte do meio milhão que você ganha por mês em: massoterapia /acupuntura / homeopatia / florais de Bach / cristais energizantes vindos da Malásia / psicólogo / psiquiatra / yôga / livros de auto-ajuda / vibrador / boate e pinga.

5) Venda ou doe tudo aquilo que não te serve mais. Reza a lenda que coisas que não usamos acabam acumulando energia negativa. Então, entre na linha zen-budista e mentalize o desapego. Comece jogando fora aquela bolsa maravilhosa que você pagou uma nota e que arrebentou a alça faz sete anos, desde então ela está guardada lá no fundo do seu armário esperando pelo dia de conhecer o sapateiro, que nunca chegou. Abra um saco bem grande, entoe um mantra indiano e joga tudo, bem rápido, sem pensar muito, pra não ficar em dúvida.

6) Pare de comer carne, tomar café e se entupir de alimentos industrializados podres e cheios de conservantes. Se você for a Mulher Maravilha e quiser se superar ainda mais, pare de beber, fumar e usar qualquer tipo de droga (módulo advanced). Além de perder alguns vários quilos, você se sentirá leve de alma, como se flutuasse por um jardim de lírios e bolas de sabão. E juro, quando se está bem mesmo, nada disso faz falta.

7) Ah, essa é importante. Mesmo que esteja trabalhando naquilo que ama, NUNCA trabalhe mais do que oito horas por dia e aos finais de semana. Se possível, fique com a carga de seis horas/dia.

8) Por fim: plante uma árvore frutífera e imagine que ainda vai comer frutas ali, com seus bisnetos; adote um animal de estimação, eles sabem, como ninguém, arrancar um sorriso do seu rosto; vista meias amarelas grossas, polaina rosa fúcsia, calcinha de malha, camiseta extra large bem macia, um cachecol e coloque seu disco predileto de rock’n roll no último volume e deixe o pogo rolar solto. Uhul! Nada melhor.

9) Se ainda assim sua ansiedade sobreviver, vá até o quintal, cave um buraco, entre nele e comece a jogar terra em cima de si mesmo. Você está próxima do fim.

Ouça: Miss Lexotan 6mg do Júpiter Maça.

PS: Texto escrito para o Meninas de Papel (2007)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mafalda descabelada...



... porque tudo que é bom (pra caralhooooooooooooo), descabela!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Encontros e Reencontros

Para Ulisses, Rodolfo e Adriano 




Parodiando Sofia Coppola, sim, mas só no título. Diferente do filme de Sofia, que fala da solidão (de uma forma linda e apaixonante, diga-se de passagem), eu quero falar da delícia do encontro e do reencontro. Do encontro verdadeiro, daquele tipo que não acontece sempre. Daquele que estamos presentes de corpo, alma e coração, sabe?

Neste feriadão, tive o prazer de ter encontros e reencontros.  E todos eles foram deliciosos, a sua maneira.

Encontrei uma criança fresca. Com olhos tão azuis e verdadeiros, que pude enxergar dentro deles, conhecer sua alma pura. Como é bom encontrar o sorriso de um bebê e sentí-lo com o coração. Crianças renovam o espírito. Tiram a ferrugem da alma.

Reencontrei a amizade e toda sua música, sua filosofia. E como por intuição, a amizade me disse coisas que precisava ouvir... Do alto de sua humilde sabedoria falou com simplicidade: “você sabe, em relações de amizade não devemos medir as palavras para dizer aquilo que precisa ser dito, sob pena de negligenciarmos a essência da relação mais verdadeira que existe”. Falou,  calou e me batizou com vodka e tônica.

Reencontrei o êxtase. Aquele que arrebata o corpo e nos faz romper com os sentidos, com a razão. Aquele que transpira,  que faz perder o ar, que fluidifica, que machuca a carne, que transforma dois seres em um só. Que é recíproco e sem reservas, que une, fortalece, enrigece.  Aquele que faz perder o sono e dá borboletas no estômago.

Que a vida seja sempre feita de muitos encontros e reencontros e poucos desencontros. 


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Tia Sula

Acorda com o sol esquentando seu antebraço direito. Serpenteia a preguiça pelo lençol, ri para o teto e num salto marsupial cai ereta, do lado de fora do sono. Respira. Arrasta os chinelos rosa-fofos até a cozinha. Toma água. Água é vida.


Liga a radiola gritante: “Last night she said / Oh, Baby, I feel so down”. Embalada por acordes Strokeanos, ferve água. Prepara o chá dançante. Está de férias na casa da praia emprestada. Tira a cueca e o camisetão e se besunta no protetor 50. Ama o sol, mas a pele branco-porcelana exige cuidado. Chapelão, óculos escuro Jacque Onassis, um maiô de duas peças verdeáguacorroído. Sai, rumo à imensidão azul, saboreando uma cenoura.

Cheira a maresia para lembrar o quanto é feliz. Tem apenas cinquenta e dois anos, oito sobrinhos e uma vida inteira pela frente. Arrota laranjado e corre chutando areia salgada pra cima.

M.W.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Poesias - Paulo Leminski

Para embalar a quinta-feira.
Poesia da boa.






I



Confira

tudo que

respira

conspira



II



Tudo é vago e muito vário

meu destino não tem siso,

o que eu quero não tem preço

ter um preço é necessário,

e nada disso é preciso



III



Cinco bares,

dez conhaques

atravesso são paulo

dormindo dentro de um táxi



IV



isso de querer

ser exatamente aquilo

que a gente é

ainda vai

nos levar além



V



O pauloleminski

é um cachorro louco

que deve ser morto

a pau a pedra

a fogo a pique

senão é bem capaz

o filhodaputa

de fazer chover

em nosso piquenique

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Amigaça, Amigalhaça, Amigalhona

Adoro os aumentativos. Principalmente os mais esquisitos. Acho que é um mal dos trinta. Exagerar. Não sei bem. Tudo começou com o pensamento sobre os aumentativos. Passou para o pensamento sobre as amigas... As relações... As ações.


Lembrei da infância. Gosto de banho de chuva sorridente, botas sete léguas saltitantes, poças d’águas dançantes. Naquela época minha melhor amiga era a vizinha. Eu a apresentava para os outros assim: “ela é minha melhor amiga”. Eu não precisaria dizer isso. Todos percebiam.

Um dia, a mãe da vizinha-melhor-amiga, bateu nela com uma colher de pau de cozinha. Eu me enfiei na frente. Tinha sete anos. Mandei, entre berros e lágrimas, bater em alguém do tamanho dela. “Na minha amigalhona você não vai bater”. Minha mãe chegou para me buscar mais cedo nesse dia. Por um bom tempo não pude ir a casa da vizinha. Eu chorei, também, por um bom tempo.

Não estou vivendo do passado, não se preocupem. Só lembrei-me disso e comecei a refletir sobre as amizades de hoje. Será que eu ainda faria a mesma coisa? Será que uma amiga faria isso por mim? Dia desses falei um monte de “verdades” (pra mim eram verdades... não necessariamente pra ela) para uma amigalhona. Sofro desse problema: ter uma boca grande. Ela não gostou. Dessa vez nenhuma mãe nos afastou. Mas, faz duas semanas que não nos falamos.

Quando a gente é grande tudo é mais complicado. Colocamos um monte de coisas mais importantes na frente do que realmente importa. Ego, namorado, trabalho, aula, vida louca, reunião... Hoje quero aproveitar a noite chuvosa para vestir minhas sete léguas e pular em algumas poças. Por que nada, absolutamente nada, é mais importante. Espero ter alguma amigalhona de companhia.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Mulher de 30 em crise

Além de trabalhar como uma camela, ainda inventei curso no final de semana. Sexta-feira, sábado e domingo. Adivinha como eu comecei a semana? Pareço um graxinim de tanta olheira.

Tou em crise criativa. Não sei o que escrever.  Acho que preciso me apaixonar.  Sair, dançar, gritar, beber... sei lá. Fazer algo bem bobo, fútil para me arrepender no dia seguinte.

Gastei o salário dos quatro próximos meses no tal curso e no carnaval ficarei em casa. Amo a Curitiba-feriado-fantasma, mas, acho que tou precisando de algo mais forte, direto na veia.

Por favor, alguém me tira de casa?! Meu lap top vai me engolir...

PS: E, não posso nem comer chocolate, que tou de dieta. Humpf!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pode ser metrosexual, mas, não exagere...

— Oh, belezuraaaaaaaaaaaaaaaaaa. Chuveiro não é lugar pra bater punheta, heim? Apressa aí. A água do mundo tá acabando, viu. Sem contar que a gente tá atrasado, tá sabendo? Vamos Marcos, abre logo essa porta. — Gastou a pele, fofo? Deve tar com a pele murcha. Sabe quanto tempo você ficou no banho?46 minutos, Marcos Rogério. Qua-ren-ta e seissss MINUTOS. Você não cansa de ficar de pé todo esse tempo? — Mas que barba você vai fazer, meu amor? Você fez a barba hoje de manhã. Não tem o que raspar aí. Não precisa. — Vou começar a espirrar com tanto perfume, pelamordedeus, larga esse frasco aí, chega. AAAtchin. Olha aí, fudeu, como que eu vou sair agora, não vou nunca mais parar de espi Atchiiinnnnnnnnn. — Marquinho, eu adoro homem cheiroso, mas não exage.. aaatchiiin. Caralho! — Chega de pomada meu amor, me dá aqui esse pote, isso, passa pra cá. Você ainda vai ficar careca com esse tanto de pomada que passa no teu cabelo. Que nojo, fica grudento demais, sério, fico até com nojo de passar a mão. — Vamossssssssssss, Marcos Rogério, olha que horas são, meu cabelo já tá despencando. — Se eu passei tua camisa azul-petróleo? Eu nem sabia que você tinha uma camisa azul-petróleo. Que cor é azul-petróleo, Marcos? ... Não vai mais? Como assim não vai sem a camisa azul-petróleo? Vai se fuderrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr, Marco Rogério. Enfia uma naba bem no meio do teu toba, meu amorrrrrrrrrrr. Ou melhor, pega a porra da tua camisa azul petróleo e enfia bem no meio do teu cu, meu amorrrrrr. Tchau.





quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Vida louca

Queria muito saber por que eu ainda tento abraçar o mundo. Tenho três empregos, ou melhor dois empregos e uma “firma” (que é minha mesmo).

Acordo de madrugada para ir para a aula de pilates e corro para o trabalho número 1 e saio de lá às 14h e almoço uma comidinha expressa e vou tirar fotos e alço vôo para dar aulas do outro lado da cidade e entre um trabalho e outro ainda acho tempo para caminhar na esteira da academia e nadar um pouco e fazer uma aulinha de JUMP e chego a noite e escrevo o tal projeto para tentar o mecenato da prefeitura e faço mais um trabalhinho freela que era irrecusável e termino de ler aquele livro e brinco com as gatas e os cachorros e invento um blog de mulheres de trinta anos pelo simples motivo de que amo escrever mesmo sem ter tempo... E nossa!!! Já são quase duas da manhã e eu preciso dormir um pouco porque preciso levantar às 6h.

E o mais louco é que tenho um tesão imenso por tudo o que faço e quanto mais faço mais quero fazer e parece que os trinta anos serviram para eu ter certeza do que seu sei fazer  e do que quero fazer pra sempre.
Claro, às vezes tenho vontade de fugir e correr e sumir e parar de ser louca e escrever tudo sem ponto e sem vírgula e... respirar... e... ficar leve... e não fazer nada, afinal, isso também me dá prazer. E daí faço isso, paro de aceitar trabalhos extras e saio às 14h do trabalho 1 e corro pra casa e durmo a tarde toda e acordo e cozinho e respiro e deito  na calçada com as minhas gatas e os meus cachorros e fico olhando o formato das nuvens e daí já tenho que correr e pegar a máquina e registar aquele momento perfeito que na verdade é irregistrável. Ufa!

Acho que os 30 me deixaram ainda mais louca e ainda mais feliz.

PS: minha internet voltou. Mas a máquina de lavar roupa ainda continua queimada (por causa do raio) e eu já estou sem roupa e não tenho tempo de lavar essa semana e....  ai, chega!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A mulher trovão

Pessoal, estou ausente todos estes dias graças a um raio que caiu em minha casa e queimou algumas coisinhas eletrônicas, placas de rede etc. Mas me aguardem. Logo teremos novos textos.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não vou dar conta...

Uma mulher de trinta tem muitas tarefas, muita responsabilidade, muita, muita, muitaaaaaaaaaaaaaaa coisa pra fazer. Quero meus vinte anos de volta. Argh!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sobre a mentira

“Como um anjo caído
fiz questão de esquecer
que mentir pra si mesmo
é sempre a pior mentira...”
Renato Russo

Depois de ter mentiras de diversas espécies em meu currículo e, conseqüentemente, muitas decepções, resolvi mudar. Nossa, que super clichê... Mas, essa é a mais pura verdade (outro clichê?!).


Mentira machuca. Desde as mais bobas até as mais elaboradas. Quando você mente, sempre envolve mais alguém... Você decide pela outra pessoa. Decide esconder algo sem consultar. E não há nada mais triste que mentir para pessoas. Sinceridade dói e é difícil. Contar pro namorado que não gosta mais e quer acabar, contar que apareceu outra pessoa, contar pra amiga que ela está gorda com a roupa nova, contar que a comida que o amigo preparou para o jantar está ruim, contar que não conseguiu gozar. Contar qualquer uma dessas coisas gera desconforto tanto em quem conta como em quem escuta. Daí, as pessoas inventam. Inventam pra se poupar e pra poupar o próximo (poupar da verdade?! ).


Quem nunca passou pela clássica situação... Você está com o "partido" faz um ou dois meses, toda apaixonada, jura que achou o homem da sua vida e ele chega com a história: “acho que me precipitei. Não quero nada sério. Me machuquei demais no último relacionamento. Não estou pronto para namorar novamente...”. Um balde de água fria com gelos em formato de iceberg. Ele conta essa e some. Depois de duas semanas sua melhor amiga te liga: “você não sabe quem eu vi no cinema. Pior, amiga, ele tava com uma loira tipo Ana Hickmann, a desgraçada tinha 1,20m só de perna”. Um mês se passa... Você continua enfurnada em sua kitnet, sete quilos mais gorda de tanto chocolate que já comeu e, como represália contra si mesma, resolve entrar no Orkut e fuçar na vida dele. Abre o perfil e ta lá: namorando. Desgraçado. Não era mais fácil contar a verdade? Ter dito: “olha minha filha, eu até tava te curtindo, mas, uma loira de parar o trânsito apareceu na minha vida. Estou tão apaixonado, tão apaixonado, que seria capaz de casar com ela no próximo mês”. Claro, a situação toda seria horrível. Contar isso não é fácil. Mas, é honesto. É verdadeiro. É sincero. E pra mim, a verdade não tem preço. Por mais dolorosa que seja.


Pior de tudo é que, quando você mente pra alguém, o primeiro a ser enganado é você mesmo. Você inventa pra ter a sensação de conforto. Pra parecer que não é tão malvado. Afinal, depois que você já contou qualquer coisa pra pessoa, ela não é mais responsabilidade sua, você não deve mais nada pra ela. Não é? Nessas horas, sempre tento me lembrar da frase do Pequeno Príncipe: “você é eternamente responsável por aquilo que cativa”. Então, a melhor saída, na minha opinião, é: ser honesto sempre, por mais difícil que seja a situação... Por mais que você saiba que a pessoa para quem irá contar aquilo terá um ataque e jogará o que encontrar pela frente em você. Seja corajoso. Assuma assim mesmo. Pague o preço das suas atitudes. Isso é tão nobre. Tão gratificante, que você nunca mais terá coragem de SE ENGANAR NOVAMENTE..




terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Hoje, apenas uma frase...

“A ausência diminui as pequenas paixões e aumenta as grandes, da mesma forma como o vento apaga as velas e atiça as fogueiras.” 


Duque François de La Rochefoucault

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Diário de uma gordinha no SPA

Uma amiga chiquérrima deu uma engordadinha básica depois do casamento. Para voltar a forma pré-nupcial (hahaha) resolveu passar alguns dias em um SPA. Entre as 800 calorias diárias e um professor de ginástica retardado, ela arranjou um tempinho para escrever diariamente para as amigas, contando o que está acontecendo por lá. Separei alguns trechos dos e-mails, que são divertidíssimos... 



PRIMEIRO DIA 
(...) Descobri que além de gorda, sou chata e exigente. Juro pra vocês que vim pra cá sem querer brigar com ninguém - supersanguedoce –,  imaginei que descansaria, que, entre as árvores e o coachar dos sapos, teria paz e me tornaria uma pessoa mais magra, mais zen e mais relaxada. Ledo engano, claro. As paredes por aqui, devem ser de “prástico”, pq a única coisa que escuto são as conversas da minha vizinha do quarto 102 ( que por sinal só fala merda) e a TV do apartamento 104, com o BBB no último volume. Tenho vontade de morrer. Mas primeiro vou esperar emagrecer mais um pouco...
Respirei fundo e tentei ser mais tolerante, juro. Na minha primeira consulta, a nutricionista anotou tudo o que eu não gosto e todas as coisas que eu adoro. Disse que aqui, os pratos são personalizados. Falei do meu ódio pelas beringelas. Adivinha o que veio no prato do primeiro almoço? Beringela refogada com arroz integral. Minha vontade era de raspar a comida do prato dentro da bolsa da puta daquela nutricionista. Vaca! Era melhor não ter peguntado nada, não acham?
Além da beringela, tive que sentar com três adolescentes imensas que reclamaram o tempo todo da comida e ficavam falando de brigadeiro, torta de chocolate, churrasco e por aí vai. Meu ódio por adolescentes aumentou. Acho que ao invés de sair daqui relaxada, vou sair com uma úlcera no estômago(...).
SEGUNDO DIA
Acho que não vou aguentar ficar 10 dias aqui... Fui animada para a minha aula de localizada, quando vi o professor falando “o poblema é que não tem peso pra todas”, queria sair correndo. Enfim, ele foi distribuindo os pesos – que estavam em uma bonita caixa de papelão do OMO – e claro, os pesos acabaram na minha vez... Só sobrou um peso de perna do tipo de antigamente, lembram daqueles com areia dentro? Claro que estava meio furado. Toda vez que erguia a perna, comia um pouco de areia.
TERCEIRO DIA


Dia de drenagem. Por falta de opção de horário, tive que marcar no mesmo horário da hidroginástica. Na maca, sendo massageada, tentei relaxar, mas... as paredes de “prástico” não me deixaram. Escutei toda a aula de hidro e os gritos do professor que fala poblema. (...) Quando coloquei o roupão pra ir para sauna, comecei a chorar e rir ao mesmo tempo. O SPA esqueceu que eles são SPA. Que recebem gordos. Me deram um roupão de gente magriiiinha. Sai bufando, com o meu roupão três manequins menores. Na sauna me senti à vontade, todas as gordinhas estavam nuas com suas banhas expostas. Me senti magra e feliz (acho que pela primeira vez aqui neste maldito SPA). Estava eu lá, jogada, meio pelada, e o demônio adentra: “oi meninas, algum poblema de eu entrar também???”. Não, nenhum poblema querido. Fui direto pra recepção, reclamar mais uma vez. Acho que vou embora antes do esperado, só pra fazer uma carta para o procon. Socorro. Ah, a notícia boa: perdi quase quatro quilos (...).